23 março 2016

A festa ( Turma 83)

Texto baseado na obra Histórias que os jornais não contam de Moacyr Scliar*

"Nos Estados Unidos, a moda agora é fazer a festa da separação. As festas tornaram-se grandes eventos, e algumas empresas estão se especializando nessa demanda que cresce. De reuniões discretas a festanças de arromba, de shows performáticos a viagens extravagantes, vale tudo na hora de comemorar essa nova fase da vida, inclusive jogar dardos na foto do ex." (03/12/2007).

A festa

    Entrei em casa e me deparei com um tremendo alvoroço: pessoas vestidas de forma elegante, garrafas e garrafas de champanhe em cima da mesa e da bancada da cozinha, rostos que eu jamais tinha visto na vida gargalhando alto devido ao efeito da bebida. O abajur que pertenceu à minha bisavó quebrado no chão, uma grande vasilha cheia de ponche cor-de-rosa no colo de uma moça loira a qual nunca vi mais gorda, e qualquer outra coisa absurda que se possa imaginar.
   "Meu Deus do céu, o que foi que deu na Lúcia? Eu saio para o escritório e quando volto, 6 horas depois, me deparo com uma festa igual as que frequentávamos há anos, na faculdade!" pensei revoltado.
   Apertei a gravata no pescoço e corri até nosso quarto. "Lúcia!?!?", gritei indignado quando a avistei. " Oi, ex!", ela deu um sorriso cínico. 
    - O que está acontecendo aqui? - Agora parte da minha raiva tinha virado confusão.
    - Quero o divórcio, amor. Ah, e sobre a festa, só estou comemorando a nossa separação!
    Ela atirou um dardo em uma foto minha. Meu mundo caiu.

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